quarta-feira, 14 de novembro de 2007



Morangos andam rondando minha cabeça. Os silvestres, os mofados. Os de Clarice e Macabéa, os de Caio, os de Bergman. Também os meus. Os da minha infância, tempo de vestido branco de fustão com morangos bordados. Tempo de morangos pequenos e raros na minha cidade quente, quente, onde brotavam laranjas, mamões, abacaxis, mangas. Nunca morangos.

E os morangos de agora. Não gosto mais de morangos nem de vestidos brancos. Vestidos brancos? ora... Quanto aos frutos, hoje são ácidos, são grandes, não brotam apenas no inverno.

Ainda gosto de vê-los, são bonitos. E só. Agora, quando morangos povoam minha cabeça não desembocam mais em desejo de comê-los e sim em lembranças e referências fundamentais.
É tempo, talvez.



imagem: murta, que não era rara como morango. Ao contrário, as árvores de murta perfumavam minha rua, minha cidade.
A foto eu achei aqui, não sei de quem é. Mil perdões pela falta do crédito.

Um comentário:

Ricardo Imaeda disse...

Bem-vinda à blogosfera!
E com que categoria...
Se os morangos puxam o fio da memória, que sabores (ou nuances de sabor) não poderão entregar?
Eles sugerem doces - essa extensão de natureza em artesania, como os textos que começam a enriquecer a tela.
Abraço afetuoso.