segunda-feira, 9 de março de 2009
Em caso de necessidade, nada melhor do que o conforto e a consolação do poeta. Em outros casos também.
Consolo na praia
Carlos Drummond de Andrade, em A Rosa do Povo
Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
Em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicratizam.
Mas, e o humour?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-se, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.
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Um comentário:
Quando ainda é possível algum conforto ou consolo...
Um abraço.
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